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"O Homem do Norte" (The Northman) (2022) é pura tragédia e reflexão.

"O Homem do Norte" (The Northman) (2022), dirigido por Robert Eggers.

8.0
Sabe aquele filme que te imerge completamente e torna aquele momento uma verdadeira experiência? "O Homem do Norte" (The Northman) é esse filme e faz isso com excelência. Que o Robert Eggers sempre trabalhou com baixo orçamento, isso não é novidade. Vendo seus trabalhos anteriores como "A Bruxa" (The Witch: A New-England Folktale, 2015) e "O Farol" (The Lighthouse, 2019), já conseguimos entender o conceito do diretor. Mesmo nesse filme recebendo um orçamento mais alto, ele não fugiu da sua essência e continuou entregando qualidade. 

Nessa história inspirada na figura mitológica Amleth marcante nos romances escandinávios e que serviu de inspiração para a peça de William Shakespeare (Hamlet), conhecemos um príncipe nórdico que busca vingança pela morte de seu pai. Algo surpreendente? Não. Aliás, podemos relembrar uma das versões dessa história na aclamada animação da Disney, "O Rei Leão" (The Lion King, 1994), nos preparando assim para um final possivelmente previsível. 

Nesse mundo viking de brutalidade e barbaridade apresentado por Eggers, somos cercados por um tom sobrenatural que percorrer durante toda a obra. Para mim foi o toque especial do filme, pois apesar da trama ser simples, a forma como foi trabalhada é extremamente interessante, principalmente porque aqui o foco é imergir na cultura que é muito bem trabalhada. A produção é tão riquíssima em detalhes, que o vingança do protagonista apenas permeia como segundo plano. As atuações aqui são excepcionais, com destaque para o Alexander Skarsgård (Amleth) e Nicole Kidman (Queen Gudrún), podendo citar também a participação interessante construída pela Anya Taylor-Joy (Olga).


Uma das coisas que me surpreenderam durante o início do filme foi a opção do inglês como o idioma principal, esperava algo mais nativo, mais original, mesmo com as tentativas dos sotaques reforçados e acentuados. Sem mencionar a existência de certos facilitadores durante algumas cenas que embora dê para aceitar, não passaram despercebidos. A experiência sonora do filme é impressionante e ajuda a sustentar o tom místico adotado à história. Aquele ditado de que "Violência, gera violência", nunca foi tão comprovado como nesse filme. A tragédia aqui é marcante e não tem intenções de agradar a ninguém, apenas trazer reflexões.