Isso aqui não é um álbum, é uma experiência!
O debut de Hayden Anhedönia, aka Ethel Cain, é marcado por profundidade, sinceridade e melancolia. Cain é uma persona criada por Hayden para se sentir mais confiante e confortável consigo mesma após se assumir como trans. As referências religiosas e até o misticismo em "Preacher's Daughter" são propositais, visto que a cantora frequentava igrejas batistas nos Estados Unidos e seu pai era pastor.
Abusos, violência, amor, perdão, são alguns dos temas que você encontrará aqui. "Dói sentir sua falta, mas é pior saber que eu sou o motivo de você não vir para casa" (And it hurts to misso you, but it's worse to know that I'm the reason you won't come home) ela canta em "A House In Nebraska", que dilacera a alma com ajuda das guitarras. A avassaladora e honesta "Hard Times" explana os abusos na visão de uma garota que foge do seu pai, "você me assistia dançar bem ali na grama, eu era muito jovem para perceber que alguns tipos de amor pode sem ruim" (You watched me dancing right there in the grass. I was too young to notice that some typеs of love could be bad).
Ouvir essa obra trouxe-me uma mistura de emoções em diversos momentos. Pude perceber semelhanças com Lana Del Rey e Caroline Polachek. Um trabalho muito cuidadoso e bem feito, apesar do uso exacerbado da reverberação. Ao final de tudo, Cain encontra seu próprio perdão, já que sempre foi dita que nunca seria salva.